terça-feira, 4 de novembro de 2014

Bicicletas públicas: usuários precisam atentar para segurança no trânsito


As bicicletas públicas se tornaram realidade em Brasília. O projeto, inaugurado em maio deste ano, parece ter agradado parcela da população que viu nas laranjinhas uma ótima forma de transporte (intermodal), de lazer ou mesmo de atividade física. Mas nem tudo são flores, como diria meu velho pai.

Exatamente porque gostei da ideia, tenho prestado atenção nas pessoas que usam as bicicletas públicas. E ao olhar mais atentamente, passei a notar que a boa nova traz problemas que precisam ser enfrentados e equacionados: em determinados horários, a cidade - principalmente a parte central do Plano Piloto - é invadida por ciclistas temporãos que não atentam para os detalhes de segurança necessários para quem pedala no trânsito. São entusiastas, pessoas que abraçaram a ideia de dar umas pedaladas saudáveis pela cidade, mas que não têm conhecimentos sobre os cuidados necessários para que sua opção não se torne um risco, para si e para os outros.

Tenho visto ciclistas laranjas na contramão, ciclistas atravessando faixas de pedestre sozinhos montados nas bikes, ciclistas descendo calçadas em frente a cruzamentos sem atentar para o trânsito, ciclistas no meio da rua falando ao celular enquanto pedalam entre os carros, e outras situações preocupantes. E muitos sem usar capacete ou qualquer outro tipo de proteção.

Aqui mesmo, em frente ao prédio do TRT-10 (virado para a Rodoviária), olhando pela janela, vejo ciclistas laranjas atravessando a pista em frente a uma curva cuja visibilidade é bem baixa, por conta de carros estacionados em fila dupla (alô, Detran!). Esta curva já é perigosa para carros e pedestres, por falta de fiscalização e organização, que dirá para ciclistas desatentos. Essa semana um ciclista atravessou a pista, nessa curva, falando ao celular, e quase foi atropelado por uma van que fazia a curva

Ontem vi um ciclista que atravessou a L2 Sul, num momento de trânsito intenso, na diagonal, no sentido contrário da pista, e seguiu pela contramão na faixa da esquerda.

Creio que seria o caso de o GDF e as empresas envolvidas no projeto (Itaú Unibanco e Samba/Serttel) pensarem em ações de conscientização para os usuários das bicicletas públicas. Campanhas de TV, rádio, e mesmo o contato direto nos pontos de estacionamento das bikes.

Ainda não li ou ouvi nenhuma notícia de acidente envolvendo os ciclistas laranjas, mas pelo que tenho visto nas ruas, se não houver uma conscientização desse público acerca de como se deve conduzir uma bicicleta no trânsito, temo que seja só uma questão de tempo para começarem a pipocar notícias desagradáveis.
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3 comentários:

  1. Olha, sabe que eu já pensei em usar as laranjinhas, mas me falta mesmo saber o que eu preciso ter e saber pra poder pedalar numa boa!

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    1. No que eu puder ajudar, quando quiser dicas, é só falar ...

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  2. Mauro, acho válido teu texto, teus comentários sobre o comportamento dos ciclistas valem para reflexão. Se tivéssemos um programa sério de mobilidade saudável, com certeza haveria um trabalho voltado a ciclistas, abordando a postura segura que devem ter, inclusive ressaltando o respeito que devem ter com os pedestres, parte mais frágil no trânsito. Sobre equipamento, seria mais válido uma campanha de distribuição de coletes refletivos, para os que usam bicicleta à noite. Até uso capacete com bastante frequência e recomendo, mas reconheço que a eficácia na segurança se dá, na verdade, de outras formas, por exemplo com limitação da velocidade dos motorizados e com sinalização de alerta para a presença de ciclistas. Na prática, o que se vê é construção de ciclovias desconectadas, sem trabalho complementar de tornar o ambiente humanizado, com prioridade e segurança às pessoas. Vale destacar que muitas “infrações” cometidas por pedestres e ciclistas – como atravessar fora da faixa e circular na contramão – ocorrem justamente pelas condições hostis da cidade, com escassos pontos de travessia e descontinuidade nos caminhos. Só para exemplificar, no meu caminho passo pela “ciclovia de lazer” construída no início da asa norte, ao lado do estádio. Ela não tem conexão ao setor hoteleiro, à torre de TV e ao centro de convenções. O caminho mais seguro inclui um trecho de contramão de uns 70 metros, em que sigo atenção, com risco praticamente nulo. Detalhe: a via de ligação do Eixo ao setor hoteleiro não tem calçada, os carros passam voando baixo e não há qualquer ponto de travessia. Qualquer ser desprovido de motor tem que cometer “infração” para seguir caminho. Na altura do colégio militar, mais uma descontinuidade. Um trecho muito perigoso: na mão ou na contramão o risco a pedestres e ciclistas é alto, obrigados a circularem na pista, com carros voando baixo, a pouca distância. Enfim, precisamos repensar nossa cidade. Infelizmente, o título de capital das ciclovias só mesmo nas propagandas de governo.

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