sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Equilíbrio emocional é fundamental para a segurança dos ciclistas


Pedalar tem tudo a ver com equilíbrio. E não me refiro unicamente ao equilíbrio em cima da bicicleta. Esse é fundamental, claro. Falo do equilíbrio emocional para saber se comportar nas ruas e avenidas. Para obedecer às leis de trânsito. Para dividir civilizadamente as ruas com os automóveis e motocicletas e ônibus e caminhões. Para compreender como pensam os motoristas e evitar confrontos desnecessários e perigosos. Para respeitar pedestres. Seja para ciclistas, motoristas ou pilotos, o equilíbrio emocional é fundamental para um trânsito mais humano e mais seguro.


Tenho para mim que parte substancial dos acidentes que acontecem no trânsito envolvendo ciclistas envolve algum tipo de responsabilidade do próprio ciclista. Falta de sinalização, retrovisor, capacete, transitar na contramão, desatenção, sono, consumo de álcool, enfim, desrespeito às regras básicas de trânsito e mesmo da boa convivência são alguns dos motivos que, aparentemente, acabam causando acidentes fatais. Não adianta vituperar motoristas sempre que acontece um acidente, sem antes olharmos nossos erros e imprudências como ciclistas urbanos.

Posso ser vítima ou até mesmo causar um acidente amanhã. Faz parte da vida. Mas posso afirmar, por experiência própria, que o ciclista é o maior responsável, se não o único, por sua própria segurança no trânsito. E que o segredo está no equilíbrio emocional.

Digo isso porque pedalo pelas ruas de Brasília há muitos - muitos anos mesmo - sem nunca ter sofrido um único acidente mais grave. E penso que esse "sucesso" (permanecer vivo!) acontece porque incorporei a alma do ciclista urbano e aprendi a me comportar no trânsito. A não querer ser um igual, por entender as diferenças entre carros e bicicletas – óbvio, uma vez que a  bicicleta não é um veículo com um motor potente cercado e protegido de lataria por todos os lados.

Aprendi a não enfrentar desnecessariamente outros condutores. Aprendi a me cuidar, cuidando de todos que estão à volta. Aprendi a importância dos equipamentos de segurança ao meu dispor. A sinalizar intenções. A pedalar no sentido da via. Aprendi a ter paciência. Aprendi a esperar. A não arriscar. Aprendi meu lugar, como ciclista, no cotidiano da cidade grande.

Aprendi a respeitar meu ritmo. A não forçar demais, mas também não ser lento demais, para ter sempre energia de reserva para uma necessidade repentina. Aprendi a aproveitar cada vez mais o caminho, sem focar unicamente no destino. A aproveitar o momento. A viver intensamente e prazerosamente cada pedalada.

Porque acabei compreendendo que a grande vantagem da bicicleta sobre o carro não é o ganho de tempo ou a economia. É o prazer inexplicável que vem da sensação de liberdade, da certeza de estar fazendo bem para mim e para todos que estão à minha volta. Do bem que a cidade me faz o do bem que eu faço a ela. Dessa verdadeira relação de amor que se cria a que se renova a cada dia, a cada pedalada.

Porque aprendi e hoje tenho a certeza de que vou chegar ao destino melhor, cada vez melhor, mais equilibrado emocionalmente, mais saudável e mais feliz do que quando comecei o percurso.


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