quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Mobilidade urbana por bicicleta: o exemplo que vem da megalópole

Ciclovia em SP (crédito: Secom da prefeitura paulistana)
A cidade com o pior trânsito do Brasil – o mais caótico e conturbado – está começando o que poder se tornar uma verdadeira revolução em termos de política de mobilidade urbana. São Paulo, com seus mais de 11 milhões de habitantes e 5,5 milhões de automóveis, está aprendendo que nem só de automóvel se locomove e se movimenta uma população urbana. Não, não é nada que vá acabar com os congestionamentos gigantescos que vemos constantes pela TV num passe de mágica. Mas é uma luz brilhante que surge no horizonte do paulistano.

Não participo da política partidária. Não vejo gênero, cor, credo ou bandeira de quem conduz projetos, mas para quem olha daqui do planalto central, o que vemos de longe é que o jovem prefeito da capital bandeirante, Fernando Haddad, está causando um choque cultural nos habitantes da megalópole.
De um ano para cá, talvez, a cidade passou a ver surgirem ciclovias e ciclofaixas em várias regiões importantes. O projeto da prefeitura é chegar ao final de 2015 com 400 quilômetros de ciclovias. O projeto inclui fiscalização nas ciclovias, para que o cidadão entenda e respeite o espaço novo que surge na paisagem urbana. O site de notícias G1 publicou a relação de ruas e avenidas onde já foram concluídas e entregues ciclovias (confira aqui)

O projeto agrada a muitos e desagrada a outros tantos. Daqui de longe, parece que há uma série de aspectos positivos, mas também alguns erros no projeto em andamento. Mas o projeto saiu do papel, do mundo das ideias, e ganhou as ruas. Pode-se criticar, mas algo está sendo feito. Os erros, esses podem ir sendo corrigidos, principalmente se for possível contar com a boa vontade e a participação ativa de quem está sendo afetado pelas mudanças.

Claro que, em se tratando de São Paulo, é uma pequena gota num oceano de problemas de trânsito. Há um mundo de coisas a fazer. Mas a semente pode estar sendo lançada. Temos que acreditar. E mais, temos que ficar atentos e seguir o exemplo, aproveitando a experiência que nossa cidade mais rica nos proporciona.

Torço, sinceramente, para que seja apenas o começo de um futuro diferente para a vida nas cidades brasileiras. Com mais civilidade e mais humanidade no trânsito.

Lenda?

Um artigo que li recentemente diz que a administração do prefeito contava com baixíssima aprovação, e que ele foi sendo meio que abandonado, inclusive pelo seu próprio partido. E que a partir daí ele teria decidido passar a governar com base não em dividas de campanha ou de interesses de terceiros, mas com base no seu interesse em transformar para melhor algumas áreas da cidade. E aí a qualidade de seu trabalho apareceu. Pode ser uma lenda ou uma invenção de algum partidário. Mas o fato é que São Paulo é a primeira grande cidade que se lança num projeto para tentar quebrar o paradigma rodoviariasta que domina o Brasil e tentar mudar o perfil da mobilidade urbana.  

Enquanto isso, em Brasília...

E antes que digam que olho para a galinha do vizinho sem antes prestar atenção no meu quintal, concordo que o governador Agnelo Queiroz também começou algo aqui em Brasília em favor dos ciclistas. Mas penso que o viés na capital federal é muito mais o ciclismo recreativo do que a mobilidade urbana. É uma enorme diferença para o projeto paulistano. Tanto é assim que a ciclofaixa instalada no Eixo Monumental tem a sugestiva alcunha de “Ciclofaixa do Lazer”.

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