terça-feira, 27 de maio de 2025

Pedal de 7km e 7 tipos diferentes de piso - a aventura do ciclismo urbano

O dia amanheceu nublado, mas com aquelas nuvens mais brancas e altas. Não ia chover. E tava bem fresquinho, bom pra pedalar. Logo depois de preparar o primeiro café, reparei que a comida da Benta (papagaia do Congo que mora comigo) estava bem no fim. Pronto, já tinha um bom motivo pra um pedal. A pet shop fica a uns sete quilômetros de casa. Passeando, dava um pedal de 15 km ida e volta. Perfeito.

Casa ajeitada, hora de partir. Caramanhola cheia, capacete, óculos amarelo, apito pendurado no peito, sapatilha, luzes de sinalização ligadas, uma conferida rápida na bike. Tudo ok. Portão de casa aberto e partiu.


E aí, é aquilo que quem pedala em Brasília já tá acostumado. Em sete quilômetros dentro da mesma Região Administrativa, pedalei por vários tipos de pistas e pavimentos. Andei em ciclovia, andei pela pista, pedalei em grama, trafeguei por calçada que finge ser ciclovia, calçada que é calçada mesmo e até por um trecho de terra.   

Foram sete quilômetros de percurso, e sete pisos diferentes. É impressionante. Eu já comentei várias vezes que na cidade não há nenhuma ciclovia permanente, que se possa cruzar longos trajetos pela cidade, como em outras cidades que já tive oportunidade de visitar.

Como este exemplo de Nova York, citado em texto que li no último final de semana no jornal de Folha de São Paulo sobre um decreto do presidente Donald Trump que faz uma caça aos imigrantes perseguindo ciclistas, já que muito imigrantes, pobres, acabam encontrando seu ganha-pão trabalhando, de bicicleta, para aplicativos de entrega. 

Mas, para além do absurdo da medida, um trecho da matéria me impressionou, mas de uma forma positiva. Diz o autor que 

Na cidade de Nova York a coisa é diferente. O desenvolvimento social e urbanístico de Manhattan privilegiou o transporte de massa e, na última década, a micromobilidade (veículos leves, como bicicletas e patinetes).

Aqui na Frederick Douglass passa uma ciclorrota que me leva ao Central Park em menos de dois minutos. Por ela também chego em cinco minutos a três ciclovias que cruzam a ilha de norte a sul, entre elas a ciclovia do rio Hudson, que se prolonga com o nome de Empire State Trail até a fronteira do Canadá, a 1.200 km daqui.

Com os planos de ampliação cicloviária e do programa Visão Zero, que tem como objetivo zerar as mortes no trânsito, a cidade caminhava para se tornar um modelo universal de mobilidade sustentável e inclusiva. Até o Bronx, distrito mais pobre e lar de imigrantes desfavorecidos, está nos planos.

Apesar de retrocesso civilizatório trazido pela gestão Trump, uma cidade do porte gigantesco de Nova York, uma das poucas megalópolis do planeta, se tornar um modelo de ciclomobilidade é algo surpreendente. Fiquei imaginando essas ciclovias cruzando a cidade, cruzando a fronteira com o Canadá. Ciclovias planejadas com inteligência de trânsito e que ofereçam segurança para os ciclistas, para que se sintam encorajados a optar pela bicicleta como meio de transporte.

Na Europa, as principais capitais estão nessa mesma pegada, privilegiando essa micromobilidade e taxando o uso de carros nas principais regiões das cidades. Vi isso em Paris e em Berlim. E sei que o mesmo acontece em Amsterdã e tantas outras grandes cidades do velho continente.

Enquanto isso, aqui no Brasil, poucas cidades tem focado nesse tipo de mobilidade. Por aqui vivemos sob o pálio de iniciativas politiqueiras, com construção de pequenos pedaços de calçadas para bicicletas, voltado para o lazer do cidadão, das crianças, e com interesse eleitoral. 

Não consigo imaginar que não existam profissionais qualificados em nosso departamento de trânsito ou na Secretaria de Mobilidade (sim, temos uma secretaria na capital com esse nome, apesar da mobilidade em Brasília ser lastimável), e em outras áreas afins. Só posso acreditar que haja total falta de vontade política para privilegiar a micromobilidade. Não é crível que não haja dinheiro para tocar um projeto cicloviário na cidade, vendo a quantidade de obras sempre em curso na cidade com foco na indústria automobilística. 

Porque só o que é preciso é o GDF reunir esses profissionais técnicos, essa inteligência de trânsito e colocá-los em contato com representantes comunitários para levantamento de necessidades, com vistas à construção de um projeto sério de ciclovias. 

A gestão que assumir o GDF e levar adiante um projeto nesse sentido vai realmente ficar marcada como uma gestão revolucionária, que mudou o rumo (sem trocadilhos) da mobilidade na cidade. 

E veríamos Brasília, assim como Nova York, se tornar uma cidade modelo de micromobilidade.

É isso. Um abraço.

*Link para a matéria publicada na Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/ciclocosmo/2025/05/em-nova-york-pedalar-pode-dar-cadeia.shtml



segunda-feira, 19 de maio de 2025

Projeto sério de ciclomobilidade é vantajoso para todos, ciclistas, motoristas, pedestres e pilotos

Ainda nem deu um mês que voltei a circular pela cidade em cima de uma bicicleta, cruzando ciclovias, ciclofaixas mas, principalmente, pistas mesmo, e já passei alguns perrengues nas pistas. Coisa boba, nada de muito risco. Mas deu pra já sentir outra coisa, que percebo que não mudou nessa década que fiquei longe do pedal: parece que alguns motoristas de carro - e, na minha estatística, prefiro ainda achar que são apenas alguns, e não muitos - simplesmente não enxergam bicicletas. Parecem padecer de algum problema crônico de visão seletiva, e só têm olhos para outros carros, caminhões, ônibus e, talvez, algumas motos mais barulhentas. Mas bicicletas, não veem mesmo.

Quando vou pra rua, em locais em que não tenho outra alternativa - ciclovia, calçada ou algo parecido - pedalo pela pista, na faixa da direita, mas não ando lambendo a borda da pista, o paralelepípedo, a sarjeta. Não ando acuado lá no cantinho. Porque, não sei se você já parou para perceber, mas aquele espaço junta toda sujeira da pista. Pequenas pedras, pedaços de vidro quebrado, parafusos, papéis, plásticos de todo tipo, terra, areia, borracha, óleo. Toda essa sujeira vai se acumulando no canto das ruas com o tempo, tornando muito perigoso trafegar por ali. 

Além disso, se você fica muito no canto da pista, você encoraja mais ainda os carros, motos e ônibus a passarem por você tirando finos. Se você está bem no cantinho, eles não precisam mudar de faixa ou desviar de você. Seguem normalmente pela faixa da direita e ultrapassam a bicicleta passando a poucos centímetros. É um risco enorme ter um carro ultrapassando enquanto você pedala naquele canto cheio de sujeiras e ainda por cima com o risco de você se deparar com uma boca de lobo ou uma grade de bueiro aberta, um desnível ou outra barreira da qual você precise se desviar. Simplesmente não tem espaço e nem tempo. Se você mudar o percurso, vai pra cima do carro que está na faixa. Se seguir sem desviar, pode pegar um buraco que bem provavelmente vai derrubar você.

Então, por esse motivo, entre outros, quando tenho que andar pela via, acabo pedalando pela faixa da direita, mais centralizado na faixa mesmo, como um veículo, "obrigando" os carros que quiserem me ultrapassar a mudarem de faixa, E aí, parece que essa postura incomoda alguns motoristas. 

Assumo que é um risco que corro. Mas, além da questão que expliquei acima, do risco de andar na beirinha da pista, também tem uma coisa de se posicionar. De ativismo, mesmo. Tenho os mesmos direitos, sou um veículo usando as pistas para me locomover pela cidade. A única diferença é que não tenho motor me impulsionando. Uso minha própria força motora para me movimentar. 

Não estou usando a pista para fazer exercício, como aqueles pelotões de ciclistas que usam as ruas como espaço de treinamento, que não param em sinais ou faixas de pedestre e não respeitam qualquer regra de trânsito mas gostam muito de exigir respeito. Sou contra esse uso das vias e rodovias como pista de treino por gente que não entende o papel de cada um no trânsito.

Mas, no meu caso, estou, de bicicleta, usando a rua para me locomover pela cidade. Indo ao trabalho, voltando do trabalho, indo a um mercado, indo fazer uma visita, um passeio, indo ao cinema. Uso a bike como a maioria das pessoas usa seu carro ou sua moto. 

E, muito importante. Como nessas situações estou me colocando em pé de igualdade com os motoristas que estão trafegando pela pista, assim como eles eu também sigo as regras do trânsito: ando na mão, paro nos sinais de trânsito e nas faixas de pedestre, sinalizo mudanças de faixa ou desvios de rota, ando equipado com itens de segurança - capacete, óculos, espelho retrovisor e luzes de sinalização. 

Tá certo. Eu concordo com você. O ideal seria eu não andar de bicicleta pela rua, disputando espaço com os carros, motos e ônibus. O ideal mesmo seria andar pelas ciclovias ou, no mesmo, pelas ciclofaixas. Mas, como você mesmo já deve ter reparado quando anda pela cidade de Brasília e suas regiões administrativas, apesar de as notícias apontarem centenas de quilômetros de ciclovias, essas pistas não se conectam. 

Você tá de lá, de boa na lagoa, pedalando por um ciclovia e, de repente, ela termina. Do nada. Você simplesmente ou tem que pedalar pela grama ou tem que encarar pedalar pela rua mesmo.

Então, de um jeito ou de outro, quem anda de bicicleta pela capital, pelo menos quem faz percursos mais longos, entre regiões administrativas, a passeio ou usando a bike como meio de transporte, uma hora vai precisar pedalar pelas ruas durante seus trajetos. 

E é aí que começam os problemas. E os perigos. Para ciclistas e para pilotos e motoristas. Sim, para os motoristas também. Porque se você, que dirige seu carro pelas ruas, eventualmente se envolver em um acidente com um ciclista, além de poder se machucar e ter prejuízo com seu carro, pode causar graves ferimentos ou até a morte de alguém. E eu nem consigo imaginar como isso deve ser complicado. 

Então, aqui, proponho uma reflexão e, talvez, um chamado à ação. Pense comigo. 

O fato de usar uma bicicleta para me movimentar pela cidade só traz vantagens, pra mim e e para os demais usuários do trânsito. Pense comigo: são menos carros nas ruas, diminuindo esse trânsito caótico; menos poluição, menos gasto de energia fóssil ou mesmo elétrica. Com o trânsito mais facilitado, se reduz o estresse. Se reduz o gasto de combustível e o gasto com a manutenção do veículo. Se reduz o tempo desperdiçado nos trajetos para o trabalho ou outros destinos. 

Pensando dessa forma, a criação de uma estrutura de ciclomobilidade séria, voltada para o uso da bicicleta como meio de transporte viável e segura, é uma grande vantagem para todos. Motoristas, pilotos, usuários de transportes públicos e pedestres. Não só para os ciclistas. Não se trata aqui de demonizar motoristas nem tentar enfrentar a indústria automotiva. Creio que haja espaço pra todos.

Então, a reflexão e o chamamento que faço é que todos que precisam se locomover pela cidade pelas ruas e avenidas, seja de carro, ônibus, moto, a pé ou de bicicleta, se juntem para cobrar do poder público um projeto sério de ciclomobilidade. 

Para o bem do ciclista. Para o bem dos motoristas. Para o bem de todos. 

Por uma cidade e um trânsito mais pacífico e inteligente.

Façamos todos nossa parte cobrando do governo, do legislativo, de quem tem o poder nas mãos.  

Porque de nada adianta só reclamarmos do trânsito, mas não pensarmos numa solução para o problema e não nos engajarmos em propostas que podem minimizar esse problema, que piora a cada dia e que promete inviabilizar as cidades em poucos anos, se nada for feito.

O que você acha? Vamos juntos nessa?

Pense nisso.

Até a próxima. 


quarta-feira, 14 de maio de 2025

Bicicleta: meio de transporte ou brinquedo?


Eu ainda estou naquela fase de me readaptar ao pedalar diariamente, e também de viver essa experiência de ver a cidade de cima de uma bicicleta. Como eu já andei muito pela cidade em cima de uma magrela, eu sei como é complicado e delicado, como é perigoso mesmo, como é preciso estar bem habituado, ter bastante prática. E como eu fiquei muito tempo afastado e não sei o que que aconteceu nesse tempo, ainda estou nessa fase de reencontro com a bike, e com a bike no trânsito.
 

Claro que nesses dias, mesmo estando nessa pegada de pedalar por aí só curtindo o pedal, já fui aproveitando pra começar a ver o que mudou em termos de ciclovias, ciclofaixas e outras estruturas voltadas para mobilidade. 

Mas antes de entrar com tudo no tema da mobilidade – ou da falta de estrutura para mobilidade alternativa aqui na cidade, que é que tenho visto – eu queria falar ainda um pouco dessa emoção da minha volta aos pedais. 

Queria lembrar como a bicicleta tem essa coisa lúdica, tem essa coisa de memória afetiva. Principalmente, claro, pra quem andou muito de bicicleta no começo da vida, como é o meu caso. Vira e mexe eu me pego brincando em cima da bicicleta. E vejo outras pessoas assim também, pessoas mais velhas, pedalando por aí, sempre com um ar leve, aparentemente satisfeitos só por estarem usando uma bicicleta pra se locomover, para irem ao mercado, à farmácia, ou mesmo só passeando por aí. A alegria que essas pessoas demonstram é visível. 

Mesmo usando a bicicleta como meio de transporte, para ir para o trabalho, para a faculdade, para a academia, para fazer o que quer que seja, a gente ainda se pega brincando, curtindo fazer uma curva, brincando de zigzaguear, "acelerando", curtindo uma descida de ladeira. Nessa hora, a gente acaba se sentido de volta àquela época de criança, quando a bicicleta era ainda só um brinquedão

Mas foi com esse brinquedo que eu posso dizer que comecei a conquistar o mundo. Passei minha primeira infância numa cidade de interior muito pequena. Pequena mesmo. Nessa época, quando a gente saía, a turminha, para brincar, tínhamos que ficar só ali por perto de casa, na frente mesmo de casa. Não podíamos sair dali, da vista das nossas mães. 

E, quando a gente não tinha ainda bicicleta, a gente nem tinha mesmo como se afastar muito. Nesse tempo, ir até o fim da rua já era uma aventura e tanto. 

Mas foi aprender a pedalar e pronto. Começamos a conquistar o mundo. Pedalando, começamos a passar dos limites do final da rua. Logo já estávamos indo até a outra rua que passava atrás das nossas casas. A sensação era como de um astronauta viajando para outro planeta. Foi nessa época que chegamos a quase presenciar um assalto, ocorrido num açougue da cidade, localizado duas ruas de distância da minha. Imagina o bafafá que não foi na pequena cidade de interior, onde nunca acontecia nada. Todo mundo só falava naquilo. E nós chegamos lá poucos minutos depois de acontecer. De bicicleta. 

Então, sabe, foi de bike que eu comecei a ter alguma autonomia, eu comecei a deixar minha casa, vamos dizer assim, em cima do selim de uma bicicleta. Foi ali que eu comecei a conhecer o mundo. Foi ali que eu comecei a a sair debaixo da saia da minha mãe, e ir a lugares que eu nunca tinha ido e que, para mim, era ir além de todas as fronteiras do universo. É muito interessante pensar desse jeito. O mundo começou a ficar enorme, ia muito além dos muros da minha casa ou da comprida rua em que morávamos.

E parece que até hoje ainda vivo isso. Em cada passeio novo, cada pedalada para um novo lado é como reviver os pedais de infância e ir além das fronteiras do meu universo, explorar novos cantos do mundo. Ainda é como ir depois dos limites da rua da minha infância. Como um explorador, um navegante rumo a novos mares, desconhecidos. Isso é bem piegas, tá bom, eu sei. Mas essa é a sensação. 

Para mim, não dá pra negar que andar de bicicleta tem uma pegada lúdica. Ou de skate, de patinete, ou girar bambolê. Qualquer coisa que você fazia quando criança e que gostava. Voltar a fazer essas coisas ligam a gente ao nosso lado infantil, que nunca morre. Eu, por exemplo, ainda estou brincando em cima da bike. 

E trazer essa emoção, trazer o lúdico para nossa vida de adulto é uma coisa muito legal mesmo. E comprovadamente faz bem para nossa saúde, física e mental. No meu caso, é andar de bicicleta e também de skate, duas coisas que fiz muito na vida. Mas acho que principalmente a bicicleta. Reviver isso me faz sentir mais novo de novo, eu volto a ser tomado por aquela felicidade pura, aquela alegria leve e sem motivo, aquela sensação de imortalidade que só as crianças têm. 

Deve ser bem por isso que várias vezes que retorno de alguns pedais mais longos – e olha que eu já fiz pedais de mais de 100km –, quando desço da bike, com as pernas ardendo de tanto esforço realizado e os músculos dos braços também cansados, no rosto eu carrego um sorriso leve, de puro prazer. Um tanto inexplicável e enigmático. 

Olha, não consigo imaginar outro meio de transporte tão eficaz e com tantas qualidades como a bicicleta: além de um excelente meio de transporte para andar pelas cidades ou pelas trilhas, é uma atividade física bem completa, indicada para todas as idades, aeróbico e de baixíssimo impacto, e é uma diversão incessante, que faz um bem danado para a alma e para a mente. 

A hora que eu subo na bicicleta, saio pelo portão de casa e vou rodar pelo mundo, naquela hora eu deixo para trás as responsabilidades da vida adulta. Ali eu esqueço dos boletos, esqueço que eu tenho que trabalhar, que eu tenho problemas ainda sem solução, mil preocupações que povoam diariamente a cabeça, pelo que fiz e pelo que ainda tenho por fazer. 

Em cima da bicicleta eu me desconecto de tudo e vou viver intensamente aquele momento. 

Inclusive essa desconexão é bem importante, porque andando pela cidade ou fazendo uma trilha por aí, você precisa ter muita atenção em tudo que está fazendo e em tudo que acontece à sua volta. A bicicleta é um veículo de transporte de equilíbrio e um veículo com pouquíssima proteção para o condutor. Então, andar de bicicleta com a cabeça em outro lugar pode não dar bom. Sem atenção, periga você não ver um buraco na pista, uma criança ou um animal atravessando na sua frente, um carro, uma moto, e aí já era. 

Resumindo, andar de bicicleta é bom pra se desconectar do mundo. E se desconectar do mundo é muito bom pra andar de bicicleta. 

Bom, por hoje era isso. Era só mesmo a necessidade de compartilhar com vocês um pouco da emoção que ainda estou vivendo. Mas nos próximos textos vamos voltar, então, a falar de mobilidade em Brasília – ou da falta de estrutura para mobilidade. Porque com esses poucos pedais que dei nesse retorno, como eu já disse no post anterior, já deu pra ver que tem muito para falar, muito para criticar e muito para sugerir. 

Então, um abraço e até a próxima. 


* imagem do post criada por inteligência artificial 

sexta-feira, 9 de maio de 2025

10 anos depois, SobreOORodas está de volta

Uma década. Esse foi o tempo que fiquei sem pedalar pela cidade. Foram 10 anos sem usar a bicicleta como meio de transporte diário. Nesse tempo, tive três motos. E, de pouco mais de um ano para cá, fiquei sem nenhum veículo particular. Nesse período, voltei à rotina de caminhar e usar o transporte público – principalmente ônibus e metrô – para me movimentar pela cidade. Eventualmente, em situações muito pontuais, usei também carros de transporte por aplicativos, mas realmente em pouquíssimas situações.

E deixa eu te contar: voltar a subir numa magrela, depois de tanto tempo, é como reencontrar um grande amor do passado. Um êxtase. Pode até parecer estranho, mas no primeiro pedal que eu fiz nesse retorno, cheguei a me emocionar de verdade. É sério!

Agora, o mais curioso é que senti como se nunca tivesse parado de pedalar. É como se só tivesse deixado a magrela na oficina, pra uma revisão mais longa. E logo já estava de volta ao meu lugar no mundo. Nem a famosa dor nos glúteos senti, mesmo dando um pedalzinho de 20 quilômetros pra comemorar o retorno.

Como eu sempre digo quando conto minhas histórias sobre pedal e sobre mobilidade: sou um ser de duas rodas. Pedalo desde os cinco ou seis anos de idade, e poucos períodos na minha vida eu não tive uma bicicleta como companheira de vida e de rolês. Tive as três motos que falei há pouco, uns seis ou sete carros, mas tive umas dez bicicletas, no mínimo, em toda minha vida. Talvez, pensando agora, esses dez anos talvez tenha sido mesmo o maior período que fiquei sem bicicleta e sem pedalar.

Mas o fato é que voltei. Voltei a ser um ser sobre duas rodas. Voltei a me locomover pela cidade usando força motora. Estou completo de novo.

E, claro, voltando a pedalar, volto a escrever sobre ciclismo urbano e sobre mobilidade em geral.

Os textos vão continuar sendo publicados aqui no blogspot, mas a partir de agora vão estar disponíveis também em áudio, lá no Spotify.

E já adianto que, após alguns poucos pedais pela cidade, esses 10 anos que passaram não trouxeram grandes evoluções na mobilidade em Brasília, não. Construíram muitos quilômetros de ciclovias, é verdade, mas me parece que ainda com a mentalidade de proporcionar lazer aos cidadãos. E não com uma visão sistêmica, uma visão mais séria de mobilidade, do uso da bicicleta e do patinete ou mesmo do pedestrianismo como meios de transporte, mesmo.

Mas isso é tema para um próximo post.

Por hoje, só estou comemorando com vocês meu retorno ao selim da bike e aos textos do SobreOORodas.

Até o próximo post! E acompanhe SobreOORodas também no Spotify

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Ainda propondo reflexões para o encontro com as urnas no próximo domingo (30): o aborto!

Inicialmente, cabe frisar que os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições 2022 já se declararam, pessoalmente, como contrários à prática. Isso é fato.

Também é preciso lembrar que não é o presidente da República quem decide se o aborto deve ser legalizado ou não no país. Essa discussão cabe ao Congresso Nacional.

Agora, o mais importante, o crucial: vamos combinar que quem tem que decidir sobre a legalização – ou não – do aborto são as mulheres. Ponto.

Quem são os homens para dizer o que a mulher deve fazer com a sua vida e com o seu corpo. Chega desse machismo dominante, prepotente, tentacular e tóxico.  

Aborto envolve a vida delas. É isso. Porque, no final das contas, muitas das mulheres que tentam fazer um aborto, se não o fizerem, vão acabar cuidando sozinhas dos filhos que vão nascer. Porque, no final das contas, nessas situações, não há um pai, um parceiro, um marido. É uma decisão que envolve o passado da mulher e tudo que ela já viveu e suportou; o presente da mulher, a situação que ela esta vivendo naquele momento (muitas vezes sozinha); e  o seu futuro e da própria criança. Então quem são os homens para decidir o que as mulheres devem fazer, como devem encarar a situação? 

E chega dessa ideia, também machista, de que quem faz aborto são mulheres (principalmente jovens) riquinhas que fazem sexo livremente e, depois, se engravidam, vão lá e abortam. Jovens irresponsáveis e sem coração. Não se trata disso. Mulheres que buscam (e fazem!) o aborto são, em sua grande maioria, mulheres e jovens (e mesmo crianças) violentadas, enganadas, ignorantes, pobres, que vivem problemas com drogas, marginalizadas e abandonadas pela sociedade. Há ainda casos que envolvem a saúde e mesmo a sobrevivência de mãe e filho e outras situações pontuais e específicas.

Mas – e isso é muito importante - não vamos nos esquecer que, legalizando ou não, os abortos acontecem no Brasil, e aos milhares. Trata-se de uma questão de saúde pública, que precisa, sim, ser debatida. É preciso, sim, encarar o problema e criar uma alternativa consensual e que possa ser implementada, respeitada e fiscalizada.

Então, se você é homem, coloque-se no seu lugar, respeite o pensamento e o posicionamento das mulheres sobre o tema. Cabe só a elas decidir.

Se você é mulher, se posicione, discuta. Se você é contra por questão religiosa, biológica, científica, cultural ou qualquer outra motivação, argumente, defenda seu posicionamento. Se você é favor, da mesma forma, coloque suas ideias no debate. Se é possível um meio termo, que seja debatido, regulamentado, definido.

É dessa discussão que deve sair a proposta sobre o tema para o país, a ser encaminhada ao Congresso Nacional, instância competente para disciplinar a matéria.

Então, por favor, não vamos deixar essa discussão influenciar no debate. Até porque, como dito no início, os candidatos postos já se declararam pessoalmente contrários à prática. Não há porque ficar jogando ao vento que tal candidato é contra ou favor, que tal candidato vai fazer do aborto uma política pública ou que tal candidato vai proibir a prática por conta própria.

O tema é sério. Merece ser tratado com seriedade e com respeito. No momento e na instância certas.

PS: então a ideia é que o homem não tem voz nessa discussão? Tem, se ele estiver ao lado da mulher, assumindo seu papel e, principalmente, se ela quiser ouvi-lo. De novo, o tema é sobre elas. Então, a batuta está com elas. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Para refletir antes de ficar frente à frente com a urna eletrônica, neste próximo domingo (30), 2º turno das eleições no Brasil

Se você concorda que a solução para o problema das drogas deve ser com a polícia subindo morros e favelas e atirando em todos que passam pela frente, matando pessoas indiscriminadamente sem saber quem são, ao invés de reconhecer que se trata de um problema de saúde pública, e que se algum parente seu se envolver com qualquer tipo de droga (um cigarrinho de maconha que seja) deve ser tratado da mesma forma, como bandido, e não tratado como uma pessoa que talvez tenha uma doença e que talvez precise de ajuda. Se você concorda que o consumo de droga, mesmo de um cigarro de maconha, deve ser criminalizado e combatido “à bala”;

Se você considera que a “guerra às drogas”, em curso em vários países do mundo há décadas – sem qualquer resultado positivo – é a solução para o problema. Se você acha que entende a dor que deve sentir uma família que vê um filho se envolver com drogas – principalmente em um país que vai tratar esse filho como um criminoso e um marginal, e não como um ser humano que talvez apenas necessite de ajuda; 

Se você concorda que a família que deve merecer proteção do Estado é apenas aquela tradicional, dos séculos passados, constituída unicamente por um pai, uma mãe e filhos, todos brancos, heteros e cristãos – e não a família típica do século 21, com mães ou pais solteiras (viúvos, separados, independentes ou outros) ou com casais do mesmo sexo com filhos, ou casais sem filhos, ou pessoas casadas que moram em casas separadas, ou casais separados que ainda compartilham o mesmo lar, ou casais de etnias e raças e religiosidades diversas, ou qualquer outra dentre tantas possibilidades;

Se você acha que liberdade significa ter posse de uma arma para poder sair livremente pela rua sem ser molestado por “bandidos” ou “vagabundos”, e não que liberdade signifique viver em uma sociedade com menos desigualdades sociais, para que não haja “bandidos” e “vagabundos”, mas sim cidadãos trabalhadores compartilhando a mesma sociedade. Se você acha que a polícia - e mesmo você - devem decidir quem é bandido e quem é suspeito e está ameaçando sua liberdade, e que em razão disto podem atirar e matar esses “bandidos” que interferem na sua liberdade e na sua paz. Se você acha que armado você é capaz de resolver o problema da insegurança pública, substituindo o Poder Judiciário e ainda solucionar o grave problema do sistema prisional;

Se você concorda que a solução para o problema das desigualdades sociais é apostar no capitalismo para aumentar o fosso que divide a sociedade entre os bem-sucedidos e os pobres, e ter que se armar para se defender dos necessitados, criando uma espécie de guerrilha urbana, ao invés de apoiar um capitalismo social, que busca dividir a renda, para que não exista essa diferença gritante entre ricos e pobres e você acabe concluindo que não precisa se armar contra ninguém;

Se você concorda que a mulher deve ser recatada e do lar, e servir como apoio para que os homens continuem ditando os rumos da sociedade, se você concorda que o fato de mulheres se vestirem como quiserem e se manifestarem como quiserem, são sinais de que ela está apenas querendo se insinuar para os homens. Se você acha normal que mulheres, que historicamente desempenham muito mais papeis na sociedade do que os homens – e sempre foram canceladas da história para que fosse mantida, à força, a hegemonia masculina - recebam salários menores por fazerem exatamente as mesmas atividades e responsabilidades que os homens. Se você continua achando normal vermos tão poucas mulheres em posição de destaque nas empresas e nas carreiras públicas, bem como no Legislativo e no Judiciário;

Se você concorda que pessoas com afetividades diversas da sua, pessoas que amam pessoas do mesmo sexo, pessoas que não se identificam com o gênero de nascimento, pessoas que não se identificam com gêneros, pessoas que se vestem e se portam como gênero diverso do seu, pessoas que vivem sua sexualidade de uma forma diferente do que você acredita ser a única sexualidade possível – a sexualidade hetero e dominada sempre pelo homem, senhor da razão – não merecem respeito social e proteção estatal. Se você se sente incomodado em ver pessoas com identificação de gênero e sexualidades diferentes da sua vivendo livres e felizes suas vidas, como elas são;

Se você entende que falar sobre diversidade e respeito nas escolas vai incitar crianças a se tornarem o que não são – ao invés de tentar compreender que discutir o tema apenas compartilha com as crianças que a base de uma sociedade se ampara exatamente no respeito à diversidade, e que o ser humano é complexo e deve ser entendido e respeitado em sua complexidade, na sua integridade e na sua plenitude – e não rotulado como pertencente à caixinha azul ou à caixinha rosa – e que qualquer coisa fora disso vai pra caixinha do lixo, como marginal;   

Se você concorda com a ideia de que não existe racismo no Brasil, que homens e mulheres brancos e homens e mulheres negros têm as mesmas oportunidades no mercado de trabalho, se você acha que a sociedade não tem incrustada em sua formação um racismo estrutural, que nos faz achar normal pessoas negras trabalharem em funções menos importante e nos faz estranhar ver ministros, doutores, engenheiros negros. Se você acha que é normal ter medo de cruzar uma pessoa negra na rua, e não ter o mesmo medo se a pessoa for branca. Se você concorda que negros, mesmo sendo a maioria da sociedade brasileira, não devem ter lugar nas escolas, nas universidades. Se você pensa que as políticas inclusivas, como as cotas, servem apenas para ajudar a colocar pessoas negras despreparadas em profissões que não chegariam de outra forma, e não entende que as políticas de cotas servem muito mais para ajudar a sociedade a vencer esse problema, a permitir diversidade de pensamentos, de sentimentos, de pertencimento e de visões nas escolas, universidades, instituições;

Se você acredita que a escravização de negros africanos (e também de indígenas) foi apenas um período da história do Brasil, que ficou lá para trás, se acha que os negros não carregam esse peso até os dias de hoje (e se você realmente também não carrega esse peso), se acha que a escravização acabou com a assinatura da lei áurea e a partir daí nos tornamos um país sem racismo, e que somos todos irmãos com exatamente as mesmas chances e oportunidades;

Se você concorda que os povos originários não têm direito a terra e a espaços para manterem vivas suas culturas e tradições, mas que o capitalismo deve investir sobre suas áreas para plantarmos cada vez mais, para explorarmos os minérios e outras riquezas naturais, e se você acha que essas áreas são disputadas por grupos estrangeiros, e que países desenvolvidos não estão preocupados em preservar o meio ambiente, querem apenas tomar o Brasil e levar embora todas as suas riquezas, e colaborar com a destruição do meio ambiente do Brasil (que eles sabem ser um dos últimos habitats que ajudam a manter a vida na terra como a conhecemos) e, com isso, acabar de vez com o planeta – que coincidentemente também é o planeta deles;

Se você concorda que professar o cristianismo ou outra religião ou forma de espiritualidade é não respeitar o próximo como ele é, é não respeitar o meio ambiente, é considerar que apenas sua forma de família, de afetividade, é válida e sacra, e que sua religião é a única representante do divino na terra;

Se você concorda que investimento em educação e ciência não são importantes para resolver vários (ou quase todos) esses problemas vividos pela sociedade, mas que basta colocar militares para dirigir escolas públicas e ensinar ordem e respeito às crianças. 

Se você concorda que para combater a fome basta liberar o agronegócio para avançar com suas plantações sobre áreas protegidas, florestas, matas e biomas, ao invés de apostar que esse mesmo agronegócio pode e deve investir em tecnologia (que, aliás, temos, e muita) e produzir tanto ou tão mais sem precisar acabar com os recursos naturais. Se você concorda que, porque países europeus ou da América do Norte erraram ao devastar seu meio ambiente, há décadas, temos agora o direito de acabar com nossas matas e florestas, e que ninguém tem que se meter em nossa “soberania”. Se você entende que os biomas e florestas brasileiras são assunto só do Brasil, e que o país pode fazer o que bem entender com elas, incluindo destruí-las; 

Se você acha que a corrupção aconteceu apenas durante o governo de um determinado partido (o único que nos anos recentes não tolheu de forma alguma a atuação do Ministério Público e das polícias federal e civis), e não que o sistema político brasileiro é corrompível pela forma como é desenhada nossa democracia representativa (formada basicamente por bancadas de interesse setoriais) e a proximidade entre empresas, empresários e políticos, e que a corrupção não esteve presente em todos os governos, incluindo todos os últimos governos;

E se você acha que “investir” em outros países, principalmente mais necessitados – na América Latina ou na África – em lugares nos quais as pessoas necessitam também de um mínimo de estrutura para viver - repito, investir, colocar dinheiro e depois receber de volta -, é cometer um crime, e se o fato de em determinados casos não ter recebido o retorno do investimento, por problemas dos países destinatários – é um crime do Brasil (lembrando inclusive que o Brasil já recebeu investimentos de outros países e deixou de pagar várias vezes em sua recente história);

E, por fim, se você concorda que política se faz comprando votos e apoios de parlamentares, permitindo a liberação de emendas apenas para os que estiverem ao lado do governo aprovando seus projetos para emplacar ideias que, de outra forma, não avançariam. E se você concorda que política se faz acuando a ameaçando outros poderes instituídos da República, xingando e desmerecendo seus integrantes em público, insuflando o povo contra esta ou aquela autoridade, tensionando a harmonia necessária entre os poderes para que o país siga usufruindo de um estado democrático de direito;

Se você concorda com tudo isso, então realmente você não deve votar no candidato da atual oposição.

Vote tranquilo no candidato da situação. Mas assuma que você não está votando nesse candidato porque o candidato da oposição é ladrão e você não quer ladrão no governo. Assuma que você vota assim porque é, também, conservador, concorda e se identifica com essa pauta conservadora, que não aceita incluir a diversidade na sociedade, que não quer viver lado a lado, compartilhando espaços e direitos iguais com pessoas negras, indígenas, mulheres, pessoas LGBT, pessoas menos favorecidas, pessoas marginalizadas, pessoas que enfrentam problemas de saúde causados pelas drogas, enfim, com qualquer pessoa que seja um pouco diferente de você. Assuma que para você todos são iguais, desde que todos sejam iguais a você. 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ministério das Cidades lança Cartilha do Ciclista

Na última terça-feira (22), quando se comemorou o Dia Mundial sem Carro, o Ministério das Cidades lançou a “Cartilha do Ciclista” (link abaixo). Bem ilustrada e com textos objetivos e curtos, o documento tem como objetivo principal conscientizar o ciclista de como se comportar quando inserido no trânsito ou pedalando por ciclovias, ciclofaixas ou ciclorrotas.

Dicas importantes estão em todas as páginas. O texto lembra que a “a bicicleta também é um veículo e, portanto, deve respeitar as regras de circulação como qualquer outro”. Pede ao ciclista que “respeite sempre os semáforos, as sinalizações de trânsito e as faixas de pedestre”.

A Cartilha mostra como devem ser feitas conversões em cruzamentos, e lembra que os ciclistas devem sempre andar no mesmo sentido da pista, nunca na contramão. Apresenta, ainda, placas de sinalização no trânsito voltadas especificamente para os ciclistas, coisa que poucos conhecem, e fala em itens de segurança e cuidados com a magrela.

Agora é torcer para que a cartilha chegue a se público-alvo – que não são os cicloativistas ou os cicloatletas, e sim os cidadãos menos informados que usam suas bicicletas sem qualquer preparação para enfrentar o trânsito - muitas vezes por absoluta falta de opção de transporte.

É uma iniciativa importante porque busca educar e conscientizar o ciclista, algo que sempre defendi. Só quando começarmos – Estado e sociedade organizada -  a levar a sério o tema da formação dos ciclistas, por meio de sua educação e seu treinamento para poderem ganhar as ruas com segurança, poderemos pensar em ver a bicicleta como meio de transporte viável para nossas cidades, e não como formas de esporte ou  lazer.

Conheça e divulgue a cartilha:  http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosCidades/ArquivosPDF/Publicacoes/cartilhaciclista.pdf

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Em Nova York, ciclista que falar ao celular enquanto pedala vai levar multa


O telejornal da Globo Bom Dia Brasil desta sexta-feira (14) revelou que em Nova York, nos Estados Unidos, está em estudo um projeto de lei que pretende multar ciclistas que falam ao celular enquanto pedalam. Jorge Pontual informou que o projeto prevê que na primeira infração, o ciclista será obrigado a fazer um curso de segurança, para aprender a obedecer as regras de trânsito. A partir da segunda infração, começam as multas, que irão de US$ 50 até US$ 200.

Uma holandesa que visitava a cidade foi entrevista pelo repórter. Ela disse que na Holanda essa lei já está em vigor há dois anos.

A matéria explica que o objetivo do prefeito de Nova York é zerar as mortes por atropelamento na cidade, e que em 2014 dois pedestres morreram atropelados por ciclistas.
Pode parecer pouco, mas como o número de ciclistas é infinitamente inferior ao número de carros que circulam em Nova York, não é um dado que se deva desprezar. E o bom administrador, gestor de visão, tenta resolver um problema quando ele está surgindo, e não depois que se torna uma catástrofe. Porque parece que o uso da bicicleta como meio de transporte é uma tendência mundial crescente.

Nova York tem uma malha cicloviária respeitável. Mas lá - como na Holanda, pelo pouco que diz a cidadã entrevistada na matéria – os gestores do trânsito também entendem que não basta criar o espaço para o trânsito de bicicletas. É preciso conscientizar o ciclista. É preciso educar, é precisão dar conhecimento e informação. Por isso a inclusão do curso de segurança previsto no projeto, para os ciclistas que forem pegos cometendo a infração prevista.

Se o Brasil pretende acompanhar a tendência do ciclismo, deve ficar atento a essas experiências em curso nas principais cidades mundiais em que a bicicleta já é uma realidade como meio de transporte viável.

Confira, aqui, a matéria exibida no telejornal.