segunda-feira, 5 de maio de 2014

Mais rapidinhas sobre mobilidade urbana


GDF não oferece transporte de qualidade

Os problemas enfrentados pelos usuários do sistema [de transporte público] não são consequência apenas da paralisação [do Metrô]. São causadas, em grande parte, por uma inoperância do governo em oferecer sistema de transporte público de qualidade para a população. Foi assim que o desembargador Alexandre Nery, do TRT-10, respondeu aos argumentos de muitos de que a greve do Metrô estaria causando transtornos aos cidadãos do DF.

A frase foi dita durante o julgamento do dissídio de greve dos metroviários, realizado na última sexta-feira (2), quando a corte trabalhista deu fim à greve que se estendeu por quase um mês.


A culpa não é só do governo

Ao trafegar pela via S2 na manhã desta segunda-feira (5), por volta das 7 horas da manhã, percebi como é difícil e inglória a luta por um trânsito mais saudável em Brasília. O governo realmente pouquíssimo faz pela mobilidade urbana, mas muitos (maus) motoristas, egoístas e espertos, também são responsáveis pela imobilidade viária que se instala na cidade. Enquanto reclamam do governo desde o amanhecer até quando se deitam, muitos brasilienses dão sua colaboração para transformar nosso trânsito no caos diário que testemunhamos.

Os estacionamentos públicos na Câmara e nos ministérios ainda estavam vazios, mas vários veículos já estavam estacionados ao longo do meio-fio por toda a pista, dos dois lados da via, do STF à Catedral. No decorrer do dia, estes carros vão dificultar muito o trânsito na via.

E nunca vi o Detran fazer alguma coisa para mudar essa situação, que se repete todos os dias.

Propaganda do GDF

Mas que assistir à propaganda do GDF que fala das ciclovias "me deixa de cabelo em pé", isso deixa. O governo local inventou de se autoproclamar “referência nacional e internacional em ciclovias”!!! A peça diz que, em extensão, nossa malha se equipara ou é maior do que as das cidades mais “bicicletáveis” do mundo, como Amsterdã e Copenhague.

Nessas localidades, cerca de 50% das movimentações urbanas são feitas por bicicleta, em vias seguras, sinalizadas e bem pavimentadas. Aqui em Brasília, são poucos os que se arriscam a usar a bike como meio de transporte, exatamente por absoluta falta de vias seguras.

Então, que referência é essa, se nenhum - mas nenhum mesmo - brasiliense que mora fora do Plano Piloto encontra uma ciclovia para sair de sua casa e chegar ao centro da cidade? Guará, Águas Claras, Taguatinga, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Riacho Fundo, Gama, Sobradinho, Lago Sul, Lago Norte. Não há como sair desses locais e chegar ao Plano, se não for por calçadas (que são espaços para pedestres), acostamentos ou rodovias (que no Brasil só pertencem aos carros, ônibus e motos), ou por cima de gramados. Não há ciclovias ou ciclofaixas de ligação.

Em termos de mobilidade urbana – não falo de lazer, mas apenas em mobilidade - aquela propaganda é uma ficção, uma farsa do início ao fim.

Maio Amarelo

A ONU definiu o período de 2011/2020 como “Década de Ações para a Segurança no Trânsito". O documento foi elaborado com base em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países. Foi daí que surgiu o movimento Maio Amarelo, movimento que busca colocar na pauta das sociedades o tema segurança no trânsito – que tem tudo a ver com mobilidade urbana.



Ainda não vi nada em Brasília com o símbolo do movimento, um laço amarelo - nos mesmos moldes dos laços que representam o combate ao câncer de mama e da conscientização sobre os males causados pelo vírus HIV -, mas o site do Maio Amarelo revela várias ações que já foram realizadas Brasil adentro. http://maioamarelo.com/.

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