quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A falência iminente do sistema de transportes


Para mostrar a importância estratégica da discussão sobre mobilidade urbana, o primeiro post deste blog traz duas informações que indicam (se não comprovam) a falência iminente do sistema de transportes nas cidades brasileiras – baseado principalmente em automóveis particulares e em sistemas públicos coletivos de ônibus.

A primeira vem de uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), relativa a 2012. Naquele ano, o prejuízo das gigantescas filas de carros parados na cidade de São Paulo equivaleu a 1% do PIB brasileiro, algo em torno de R$ 40 bilhões. O valor é a soma do gasto com combustíveis para carros, ônibus e caminhões parados no trânsito, estimativas sobre os gastos que a saúde pública tem por causa da poluição do ar e, mais importante, as horas de salário perdidas pelas pessoas amarradas aos cintos de segurança, sem trabalhar.


Além da falência operacional do sistema, o quadro revela que os prejuízos econômicos e para o meio ambiente são cada vez maiores. E o pior: esse dado reflete apenas o a realidade paulistana. Se fosse adicionado o valor dos prejuízos de outras grandes cidades brasileiras, como Rio, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e outras, com certeza os valores ultrapassariam os R$ 60 bi. É muito dinheiro sendo jogado fora por conta de um sistema que não serve mais para a sociedade.

Malha e Frota


A segunda vem do cruzamento de duas informações básicas, relativas a 2013, vindas do Denatran e do DER/DF: a frota de veículos no Distrito Federal, estimada em cerca de 1,5 milhão, e a extensão da malha viária do DF, calculada em 11,7 mil quilômetros. Se multiplicarmos os 1,5 milhão de veículos por 4 metros (tamanho médio de um carro), chegamos a uma extensão de 6 mil quilômetros, mais da metade de toda malha viária do DF (não é de Brasília, mas de todo o DF).

Ou seja, se, hipoteticamente, todos os veículos da capital brasileira fossem para a rua num mesmo período, tomariam mais de 50% de todas as vias do quadrilátero federal. O caos estaria instalado.

Essas realidades, entre outras, mostram como é fundamental pensarmos em formas alternativas de transporte. Porque se em 2014 ainda é possível dirigir para lá e para cá nossos automóveis, a verdade é que a expansão das frotas de veículos suplanta, em muito, a expansão das malhas viárias. Em breve não haverá possibilidade física para o transporte nas principais cidades brasileiras.

Então, falemos de mobilidade urbana e transportes alternativos.

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