quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Transporte público coletivo: principal alternativa para locomoção urbana

O transporte público coletivo tem seus defeitos, sim. Muitos mesmo. E não só em Brasília. Cidades mundo afora apresentam problemas com seus sistemas de transporte público. Quantidade de veículos abaixo das necessidades da população, trajetos que não atendem a todos os cidadãos, em horários incompatíveis. Veículos nem sempre novos, muitas vezes mal conservados, sobre utilizados. Motoristas, condutores e trocadores trabalhando em turnos extensos, com salários nem sempre compatíveis. E preços pouco convidativos, para dizer o mínimo.


Mas não se pode fugir de uma realidade: o transporte coletivo é uma das principais alternativas para a locomoção urbana, sobretudo nos grandes centros. Ônibus, vans e metrô suportam grande parte da movimentação de pessoas pela cidade. Mesmo sendo um sistema de péssima qualidade, é sobre o transporte público que recaí o grosso do trânsito de cidadãos em Brasília, como em tantas outras grandes cidades.

No DF, então, depender do transporte público coletivo é um sofrimento. O sistema é falho ao extremo. Mas a verdade é que a maior parte da população depende deste tipo de condução.

Então, o que pode ser feito para melhorar a vida dos cidadãos usuários desse sistema? Com grande estardalhaço, é certo, o governo distrital está colocando veículos novos nas ruas. Isso é bom, claro. Mas basta para fazer o sistema melhorar? Creio que não.

Por um lado, talvez falte organização por parte da sociedade para reclamar um serviço mais eficaz e eficiente. Aceitar passivamente o péssimo transporte oferecido pelas empresas, a preços nada módicos, não é justo, não é democrático. Como não é justo, também, revoltas populares com quebradeiras e incêndio de ônibus, apedrejamento de lotações cheias, ou qualquer outro tipo de violência.

O usuário precisa assumir, civilizadamente, sua responsabilidade pela gestão do sistema. Se organizar, pensar em conjunto, propor alternativas. Mas não com uma visão egocêntrica, e sim coletiva. Pensar no melhor para todos, para a cidade. O que vai acabar se revertendo em benefício próprio.

Escolas, condomínios, quadras, Centros Comerciais, clubes, órgãos, empresas e outros poderiam organizar grupos para discutir o tema e levar as propostas para as administrações regionais, que reuniriam esse material e levariam à Secretaria de Transporte do DF.

Por sua vez, o Estado – democrático que se diz – deveria fazer pesquisas de campo regularmente, conhecer a dinâmica do sistema e as diferentes realidades locais, e ouvir a sociedade com frequência sobre suas necessidades de transporte. E a partir desse estudo, desse diálogo com os usuários e com experts no tema, planejar o sistema com uma visão macro setorial, macro regional.

E, principalmente, feito um planejamento participativo, coloca-lo em prática e se esforçar para que ele seja cumprido fielmente. No caso dos ônibus, rotas, horários, números de veículos, carros extras em horários de pico, mudanças de trajetos em certos horários. Enfim, há muito que se pode fazer para que o sistema coletivo se adeque à necessidade da população. E não obrigar o cidadão a se adequar passivamente ao que é oferecido. No caso do metrô, mais vagões em certos horários, mais comboios, horários estendidos.

E, em ambos os casos, processos de capacitação e valorização de motoristas, condutores e trocadores. Impor às empresas - desde os editais licitatórios até os contratos - o respeito às leis trabalhistas, e fiscalizar o fiel cumprimento destes itens.

E fazer divulgação, ampla divulgação de tabelas, horários, trajetos. Implantar um sistema confiável, e dar conhecimento pleno ao usuário.

Não sei se a coisa funciona assim. Mas não parece funcionar. Se existe algo nesse sentido, algo está muito errado, algo está sendo muito mal feito. Porque para o usuário, para o cidadão, o sistema é absolutamente ineficiente. Sem qualidade alguma.

O cidadão deve ter o direito de se locomover pela cidade com total liberdade, sem os constantes empecilhos causados pelos congestionamentos constantes e sem a humilhação sofrida nos ônibus e metrôs lotados. Qualidade de vida depende, e muito, de um sistema de transporte público coletivo de qualidade.

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