quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

De carona na mobilidade urbana


Um bom conceito de mobilidade urbana é o que diz que todos devem ter o direito e a possibilidade de transitarem livremente pela cidade, de forma simples e segura – e pelos meios que preferirem –, sem serem obrigados a enfrentar engarrafamentos e desperdício de tempo, dinheiro e saúde. Nesse sentido, cabe ao cidadão escolher por qual meio pretende se locomover, inclusive o automóvel. A carona, por exemplo, é uma boa aliada de qualquer projeto de mobilidade urbana que se pretenda viável.


Mobilidade urbana exige civilidade, bom senso, consciência coletiva por parte dos cidadãos. Certo que o Estado tem parte na culpa pelos congestionamentos no trânsito, por diversos motivos: péssimos projetos rodoviários (antigos e mal mensurados para nossa realidade atual), asfalto de má qualidade, sinalização precária e ineficiente, falta de campanhas educativas permanentes, falta de fiscalização, não investimento em propostas alternativas, sistemas falhos de transportes coletivos, etc.

Mas que cada motorista fique ciente que tem, também, sua cota de responsabilidade pelos constantes congestionamentos em nossas vias. O conforto do carro próprio tem seu preço.

Jogar a culpa no governo e falar mal das autoridades não ajuda a resolver absolutamente nada, além de causar estresse e prejudicar a saúde. Porque o cidadão, ao priorizar o uso individual do automóvel, também colabora para o mau andamento do trânsito nosso de cada dia. Assume parte na culpa. Assim, se for xingar governos e Estado, o motorista terá que, por justiça, xingar a si mesmo.

E agindo assim, ainda corre o risco de obrigar o Ente Público a implantar algum sistema mirabolante, como o de rodízio de carros que acontece em São Paulo, um sistema extremamente invasivo, que proíbe o cidadão de usar um bem de sua propriedade na hora que deseja ou precisa.

Diante disso, seria muito interessante incentivar o cidadão para o uso consciente dos carros – evitando o que se vê em grande escala, principalmente em Brasília: cada carro sendo usado por apenas uma pessoa.

Interação

Concordo que não é fácil compartilhar o carro, a chamada carona, por conta de desacertos de horários, trajetos, liberdade de escolher seus horários, aproveitar o trajeto para passar em algum lugar ou outros tantos motivos de ordem pessoal.

Para superar um pouco a dificuldade, a saída pode ser, novamente, a interação entre os diversos meios de transporte. As pessoas podem aproveitar uma carona momentânea para ir com um colega de carro, para o trabalho, e voltar de ônibus. Ou ir de metrô, numa hora mais tranquila, e pegar uma carona de carro na volta para casa.

Também é possível conseguir uma carona até um ponto de ônibus bem localizado, ou uma estação de metrô. Ou ir de carro até a estação e de lá seguir de trem, ou voltar.

Alguns órgãos (e até mesmo empresas privadas), ao menos aqui em Brasília, disponibilizam coletivos próprios no trajeto sede–rodoviária, percurso ida e volta (iniciativa extremamente louvável e que merece ser mais divulgada e copiada). Assim, servidores podem ir até a rodoviária de ônibus ou de metrô, e de lá seguirem no transporte próprio do órgão até o local de trabalho.

Enfim, qualquer esforço nesse sentido, que promova mudanças na cultura do transporte urbano, vai trazer resultados positivos para a coletividade. Se os caroneiros se juntarem aos ciclistas, aos que andam de ônibus ou de metrô, aos que passeiam a pé pela cidade, ou de patinetes, ou skates, ou patins, vão, com certeza, ajudar a transformar a realidade de nossas cidades.

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