segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Boom de vendas de bicicletas: momento ideal para projeto de mobilidade

O Correio Braziliense deste domingo (9) trouxe matéria de página inteira, na editoria de Economia, para noticiar que o “mercado de bicicletas cresce 300% em 5 anos e disputa espaço com carros”. Diz o jornal que, no Distrito Federal, são vendidas cerca de 3 mil bicicletas por mês. Há coisa de duas semanas, matéria de teor similar foi publicada pelo periódico gaúcho Zero Hora. O ZH revelou que também em Porto Alegre (RS) o comércio de bikes vem experimentando um aumento expressivo nos últimos anos.

Esse boom comercial mostra que o momento é mais que oportuno para que os governos estaduais e municipais tirem das pranchetas e tornem realidade projetos de Mobilidade Urbana por bicicleta. Mas projetos sérios, sem politicagem ou jogadas de marketing. Sem enganações.


Não falo de “maquiar” calçadas já existentes para parecerem ciclovias, como o que foi feito nas Asas Sul e Norte, ou ciclovias internas nas regiões administrativas sem comunicação com outras regiões. Essas ciclovias só funcionam, como já disse, para lazer ou prática de esporte, mas não para projetos de mobilidade urbana.

Não adianta o governo divulgar que pretende chegar ao final de 2014 com 600 quilômetros de ciclovias no DF, se, repito, o que temos na verdade são apenas as velhas calçadas disfarçadas como ciclovias em alguns locais, e pistas construídas sem qualquer objetividade, sem ligação entre as regiões administrativas, em outros locais (como a ciclovia da foto acima, no Guará 1, que termina abruptamente, sem conexão com qualquer outro ponto).

Falo da construção de ciclovias que permitam aos cidadãos se locomoverem de cidades como Taguatinga, Ceilândia, Núcleo Bandeirante e Sobradinho, entre outras, para o Plano Piloto, em pistas seguras, próprias para ciclismo, bem planejadas e bem executadas, com sinalização, iluminação, segurança. Algo definitivo, e não mero paliativo.

Disputa

De nada adianta o governo alardear que o DF tem a maior malha cicloviária do País, se os ciclistas vão continuar a disputar espaço com os carros nas piores vias da região, como a EPTG, EPNB, BR-020, 040 e 060.

O título da matéria do Correio diz que o ciclista que usa a bicicleta como meio de transporte “disputa espaço com carros”. E é isso mesmo que acontece, por exemplo, na via que liga Sobradinho ao Plano Piloto, ou na EPTG ou na EPNB. Só que nessa “disputa”, o que temos visto são mais e mais acidentes (quase sempre fatais para os bikers).

Isso porque, como diz Chris Carlsson, famoso cicloativista norte americano, que deu entrevista ao jornal Zero Hora neste fim de semana, “o primeiro pressuposto na sociedade é de que quem dirige um carro tem o direito da rua, e que todos os demais deveriam sair do caminho, porque o motorista do carro é o dono da rua. Isso não é verdade, mas é a presunção feita na nossa sociedade baseada no automóvel”.

Que o sucesso comercial das bicicletas desperte o governo para tratar com seriedade o tema mobilidade urbana por bicicleta.

Um comentário:

  1. Que bacana essa materia!!! Adorei, vamos cobrar mais ciclovias!!!!

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