segunda-feira, 28 de abril de 2014

Brasília vai parar

Estou me esforçando para reduzir a quantidade de críticas aos sucessivos governos que ocupam o Buriti quanto ao descaso com a área de transporte do Distrito Federal. Quero focar mais em boas práticas, ideias positivas e exemplos de soluções viáveis. Mas não há como deixar de dar o alerta e difundir a matéria de capa da edição desta segunda-feira (28) do Correio Braziliense. O título da matéria já diz tudo: Trânsito caótico vai fazer Brasília parar em 2020.

A matéria repete o que já falei aqui no blog algumas vezes. Enquanto a frota de carros na capital federal – hoje estimada em mais de 1,5 milhão de veículos – não para de crescer de forma quase exponencial (contando ainda com o crédito facilitado pelo próprio governo federal, para aliviar a dura vida das montadoras!), as políticas de mobilidade urbana são insensatas ou inexistentes. Na verdade não se tomam ações voltadas para mobilidade. O que se faz é tentar alargar pistas e construir viadutos, uma forma de tentar acomodar mais carros ao mesmo tempo num mesmo espaço.


Ou comprar mais ônibus – em substituição à frota antiga – para colocar nesse trânsito caótico e nessas pistas mal conservadas. Outra besteira, que só vai fazer detonar os carros em tempo recorde. Eu mesmo tenho visto alguns desses novíssimos ônibus já dando sinais claros de fadiga – soltando fumaça, fazendo barulhos e outros sintomas de envelhecimento precoce.

Ou comprar mais composições para o metrô, para rodarem nos parcos 42 quilômetros de trilhos que só atendem parcela da população do DF.

Ação

Não podemos mais esperar passivamente que o governo resolva a situação. O texto do Correio revela que a administração pública já sabe dessa projeção há pelo menos quatro anos. E pelo jeito, nada fez ou faz para solucionar definitivamente a sensível questão do transporte urbano.

Nós, sociedade organizada, precisamos agir. Exigir, imediatamente, espaço de ação dentro da gestão do transporte no DF, para inverter imediatamente essa insensata lógica rodoviarista que deturpa a visão dos nossos administradores. E ao mesmo tempo, precisamos ir para as ruas, sensibilizar a população para o problema e para as soluções, que para serem implementadas precisam contar com o apoio dos cidadãos.

Grupos de ciclistas, skatistas, patinadores, pedestres, usuários de ônibus, metrô e trens: todos nós que priorizamos a mobilidade urbana por meios não automotores individuais, precisamos nos unir pra valer. Organizar passeatas, panfletagens, movimentos. Usar a internet e suas mídias sociais para “conversar” com os brasilienses, ouvir sugestões, propor atividades e ações - pontuais e permanentes.

Precisamos levar essa discussão para dentro das escolas e das universidades. Promover palestras, exposições (mostrando o lado ruim e as alternativas e viáveis e experiências de sucesso mundo afora), eventos e passeios.

Precisamos mostrar a realidade e a gravidade dos problemas que estão se acumulando e que, de acordo com a matéria do Correio, têm até data para explodir. Conscientizar os habitantes do DF e fazê-los nossos parceiros.

Devemos ter – entre nós ciclistas, pedestres, skatistas e usuários do transporte público – jornalistas, publicitários, profissionais de marketing, médicos, engenheiros, arquitetos, administradores, sociólogos, biólogos, ambientalistas, etc. Precisamos usar essa inteligência multidisciplinar para criar uma campanha e um projeto de sucesso para mudar a cara do transporte brasiliense.

Se tivermos a opinião pública e a mídia ao nosso lado, ganhamos força para impor ao governo a adoção de soluções para o problema. E a construção de uma política inteligente de mobilidade urbana.

Mas precisamos fazer isso logo, porque o tempo voa, e 2020 está logo ali....

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