quinta-feira, 10 de abril de 2014

Prejudicar a população é a única forma de garantir direitos?

Dia de greve de metroviários: trânsito caótico em Brasília
Nesta quarta-feira (9) pela manhã, precisei usar o carro para levar minha filha do trabalho para a Universidade. Ela tinha um tempo exíguo para cumprir o trajeto, e me prontifiquei a ajuda-la. O dia, no DF, era marcado pela greve dos metroviários. Os servidores paralisaram grande parte dos vagões e fecharam um bom número de estações. Consequência: os ônibus, que já vivem cheios, estavam lotados e, provavelmente, todo brasiliense que possui carro na garagem colocou o veículo na rua. Resumo da ópera: o trânsito virou um verdadeiro caos.

Tentei sair do Guará 1 pela EPGU, mas o trânsito estava parado já em frente à Feira do Guará e, de acordo com uma motorista que ficou parada a meu lado por alguns minutos, a informação era de que o trânsito estava daquele jeito até o centro da cidade. Carro parado, abri o Waze no celular e confirmei a informação. Pelo Rádio, ligado em um programa matinal que fala da situação do trânsito com participação dos ouvintes, ouvi alguém comentar que na EPTG as faixas exclusivas para ônibus estavam liberadas, o que ajudava o trânsito a fluir. Fiz, então, o primeiro retorno e rumei para a Estrada Parque Taguatinga.

O trânsito na EPTG estava realmente um pouco melhor, mas ainda assim bem congestionado. Segui por ali mesmo até o destino, na L2 Sul. No fim das contas, percorri 15 quilômetros em cerca de uma hora e meia. Como sai de casa bem mais cedo do que o que seria ideal, consegui não chegar atrasado à UnB. Mas ouvia pelo rádio as notícias de que o trânsito, na cidade, estava um caos generalizado.


Em três dias de greve dos metroviários, não só para mim como para todos os motoristas, o que ficou foi um brutal aumento de consumo de combustível e do veículo como um todo, estresses com consequências na saúde e problemas no trabalho, com atrasos, adiamento de reuniões, perda de clientes, etc.

Dúvida

Diante de situações como essa, que não são raras, me pergunto se essa forma de greve, com paralisações que trazem prejuízos diretos e imediatos à população como um todo, é a melhor forma que as categorias têm para pressionar governo e empresários em busca de suas reivindicações.

Ao trabalhador é garantido o direito à manifestação e à greve, como forma legítima de luta para garantir seus direitos trabalhistas e sociais. Isso é inconteste. E tem apoio irrestrito da população. Eu mesmo sempre defendo que um projeto sério de mobilidade urbana passa necessariamente pela valorização dos rodoviários, ferroviários, metroviários e outros profissionais que tocam o transporte nas cidades.

Mas, penso eu, exemplos como operação padrão, operação tartaruga, catraca livre, entre outras, são formas alternativas de movimentos grevistas reivindicatórios que não trazem prejuízos tão gritantes ao cidadão, mas afetam diretamente ao governo e/ou ao empresariado, contrapartes que devem ser atacadas neste cabo de guerra entre patrões e empregados.

E devem existir outras maneiras que desconheço, com poder semelhante de pressionar a quem se deve sem prejudicar demais quem não tem culpa pela situação dos trabalhadores.

É uma dúvida que tenho. É uma ideia de discussão. O objetivo é sempre apoiar movimentos legítimos, mas também defender a população de sofrimentos extras.

Não existem formas alternativas de movimentos reivindicatórios que não prejudiquem a população, mas afetem só a quem de direito? Não existem formas alternativas de movimentos sociais que não carreguem em seu bojo a violência (por parte de manifestantes e do Estado-polícia) com consequente depredação do patrimônio público?

Façamos das nossas praças de disputas sociais um tabuleiro de xadrez, e não um ringue de boxe...

Pode parecer uma discussão inútil. Mas creio que, como elos de uma única e mesma sociedade, devamos todos buscar, sempre, a evolução, em todos os sentidos. Governos, empresas, entidades, sindicatos, associações, cidadãos. Um mundo melhor, um país melhor, uma sociedade mais justa e mais fraterna, não é só direito, é obrigação de todos.

Um comentário:

  1. Concordo. O direito de protesto de 50 pessoas não pode ser maior do que o de ir e vir de milhares. E as autoridades não têm coragem de fazer o que é necessário para impedir essa anarquia.

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