terça-feira, 15 de abril de 2014

Uma criança pedalando pode ser o caminho para problema da mobilidade

Uma criança andando de bicicleta embaixo do bloco, numa quadra ou em um parque, é sempre uma imagem que me toca. Não só porque lembra a minha infância no interior do Rio Grande do Sul, quando durante alguns dias minha santa mãezinha correu ao meu lado segurando o banco da “Tigrão” enquanto em tentava me equilibrar na bike, e logo eu já dava as primeiras pedaladas em volta do quarteirão... Nossa, quanta aventura. Sentia-me como se estivesse dando a volta ao mundo (acho que meu projeto começou ai...)!

Não é só isso... uma criança pedalando – ou patinando ou andando de skate ou patinetes – me faz perceber que o caminho, a solução para nossos problemas de mobilidade urbana e de conscientização para o uso de meios de transporte alternativos não poluentes e auto sustentáveis pode estar exatamente nas crianças, numa próxima geração. E na educação.


Porque, a meu ver, a solução para o problema de mobilidade, que passa por uma radical mudança de cultura, não partirá, jamais, dos governantes, mas da base, da sociedade, de nós cidadãos. E para isso, é preciso que a sociedade seja consciente de seu papel, deixe apenas de cobrar de governos e passe a tomar as rédeas de seu destino. Passe a exercitar democracia no seu dia a dia.

Ativista

Criança é conservacionista, é ambientalista, é atleta, é divertida e gosta de brincar por “natureza”. Criança cuida dos bichos, admira as plantas, corre, pula, salta, pedala, nada, brinca e se diverte o tempo todo. Sem perceber, criança é ativista, é ecológica e politicamente correta. Em sua pureza e sua ingenuidade, é sempre genial, um exemplo a ser seguido. Mas a criança cresce e, aos poucos, sua alma endurece e essa luz se apaga.

Em parte, a culpa é do nosso perverso sistema educacional, que hoje está voltado precipuamente para o sucesso profissional individual, para o enriquecimento material a qualquer custo. É preciso mudar esse eixo: educar para o sucesso da sociedade e para o enriquecimento da vida na terra. A educação tem que deixar de lado o “eu” e passar a investir no “nós”.

É utópico, eu sei, mas se pais e educadores de hoje priorizarem, na educação de seus filhos / pupilos, a manutenção desse espírito infantil gravado na alma dos pequenos para que o crescimento / amadurecimento não apague essa chama intensa, com certeza teremos adultos mais conscientes do seu papel na sociedade. Teremos homens e mulheres muito mais felizes e engajados, cuidando do planeta, cuidando da cidade, cuidando do bairro.

Teremos mais homens e mulheres andando de bicicleta pelas ruas, felizes, brincando. Andando de skate, de patins. Usando esses “brinquedos da infância” como meios de transportes e também de diversão diária. Teremos homens e mulheres menos estressados, mais saudáveis. Vivendo em cidades mais limpas.

Se entendermos que se deve plantar a semente da cidadania desde o berço, regá-la na infância por meio da educação para podermos colher homens e mulheres melhores no futuro, talvez haja ainda uma esperança. Para a mobilidade. E para o mundo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário