terça-feira, 22 de abril de 2014

Greve dos metroviários mostra fragilidade do transporte público no DF

As consequências da greve dos metroviários no Distrito Federal, que já dura quase 20 dias, mostram a fragilidade, a péssima qualidade e a falta de planejamento e gestão do transporte público na capital brasileira. Se um dos modais deixa de circular por um período, todo o sistema entra em total colapso. Os carros tomam conta das ruas, o trânsito se torna caótico, os motoristas passam a desrespeitar leis básicas, invadindo até mesmo as ciclovias. Os ônibus deixam de dar conta do serviço e os rodoviários também se mobilizam para não terem que carregar o mundo nas costas sozinhos.

Se o sistema não se sustenta nem quando em pleno funcionamento, que dirá quando um dos meios paralisa as atividades! Isso mostra que além de ter sido mal planejado, o transporte no DF segue padecendo de absoluta e indiscutível falta de gestão. Não parece existir uma área de inteligência, algo como um gabinete de crise, pronto a enfrentar o problema com alternativas pontuais até a solução do impasse. Nos piores momentos, antes de o presidente do TRT-10 determinar, no último dia 16, que ao menos 50% dos trens permanecessem em circulação, não se via nenhuma ação dos órgãos distritais – como o Detran -, para minimizar os efeitos da paralisação. Nem os carros nem os agentes amarelinhos estavam nas ruas para garantir um mínimo de fluência e segurança em nossas pistas.


Um exemplo: a notícia de que, durante a greve, a faixa exclusiva para ônibus na EPTG estava liberada para carros, foi divulgada apenas pela imprensa, e sem grande destaque. Trafeguei na EPTG de carro e de bike nesses dias, e vi que muitos motoristas provavelmente desconheciam o fato e continuavam não usando a faixa, provavelmente com medo de multas. Onde estavam os agentes do Detran para sinalizar a liberação da faixa?

O GDF não foi para a rua promover reversões de pistas ou mudanças em semáforos nos horários de pico, além das já habituais. Para o governo, deflagrada a greve, a população que aguente até o fim do movimento. O governo tira o corpo fora, não assume a responsabilidade pela continuidade do sistema.

A greve dos metroviários, como as greves dos rodoviários que acontecem vez ou outra, deixam claro que o transporte público no DF precisa ser completamente repensado e redesenhado. A cidade cresce a passos largos e, se nada for feito, em pouco tempo o trânsito na capital da República vai se tornar inviável. Os governantes precisam parar de brincar de construir viadutos e duplicar pistas e comprar ônibus. E torrar rios de dinheiro em obras inúteis, que só enchem os bolsos sabe-se lá de quem...

Mas, infelizmente, falta vontade política, falta inteligência, falta coragem e falta civilidade para nossos governantes.

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