sexta-feira, 7 de março de 2014

Dicas para evitar acidentes entre bikes e carros no trânsito

Postura ativa: pedalando pelo centro da faixa direita
Quando me desloco de bicicleta pela cidade, prefiro trafegar pelas ruas e avenidas. Isso porque Brasília tem pouquíssimas ciclovias de verdade. O que temos são algumas calçadas que foram pintadas para dar impressão de ciclovia, mas que continuam sendo as mesmas calçadas de sempre, e continuam a ser usadas por atletas, skatistas, pedestres, mães com filhos pequenos, cidadãos com seus cães de estimação. Acredito que o risco de acontecer um acidente nessas pistas – entre corredores, crianças e cachorros – é maior do que nas ruas, entre os carros.

E, pedalando pelas ruas (sempre falando em pistas duplas), evito andar muito próximo ao meio-fio. Procuro comportar-me como um veículo (esse é um direito meu, legítimo), trafegando pelo centro da faixa da direita, com a lanterna traseira ligada, mesmo durante o dia, e olho constante no retrovisor (item mais que obrigatório, que deve ser instalado do lado direito do guidão). Sigo o fluxo do trânsito, procurando respeitar todas as normas de trânsito, como parar nos semáforos vermelhos, ultrapassar carros apenas pela esquerda, fazer retornos e tesourinhas, sinalizar conversões, etc.


Postura ativa

Além do fato de que a maioria dos “obstáculos” – sujeiras, buracos, bueiros e bocas de lobo – encontram-se no canto da faixa da direita, próximo à calçada (como mencionei em um post anterior - Sujeira nas ruas atrapalha mobilidade por bicicleta), com a experiência, descobri que esta é a melhor forma de evitar acidentes com veículos automotores. Ao assumir uma postura mais ativa no trânsito, ocupando um espaço como veículo na rodovia, o ciclista se torna muito mais visível. O uso do retrovisor, com atenção, dá a segurança necessária para transitar como um veículo pelas ruas, com segurança.

Isso porque os acidentes costumam acontecer, exatamente, por conta da baixa visibilidade da bicicleta no trânsito. Os motoristas dos veículos automotores estão atentos (quando estão atentos!) ao fluxo natural do trânsito: às faixas da pista, aos retornos, às entradas e saídas das rodovias. Sua visão e sensibilidade estão voltadas para pontos previsíveis, de onde podem vir outros veículos. Isso significa que motoristas não focam em acostamentos, cantos de pista ou na contramão.

Se o ciclista andar pelo centro da faixa mais à direita, com sinalização luminosa traseira e roupa chamativa, os condutores verão a bicicleta, como veriam qualquer outro veículo. E, gostando ou não, vão ter que, por exemplo, mudar para a faixa mais à esquerda para ultrapassar a bike. Já se o ciclista estiver no canto da pista, motoristas provavelmente vão ultrapassá-lo pela mesma faixa, passando muito perto da magrela.

Em cruzamentos, o ciclista tem duas opções: ou segue se comportando como um veículo, e cruza a pista como um carro, pelo meio da pista, sinalizando sua intenção, ou desmonta da bicicleta e atravessa a pista a pé, empurrando a bike, em uma faixa de pedestre ou ponto de maior segurança.

Ultrapassagem

Ultrapassar carros e ônibus parados pela direita é extremamente perigoso. Nenhum motorista espera que venha algum tipo de veículo por aquele “cantinho”. Um passageiro pode descer do ônibus, ou abrir a porta de um automóvel, e o acidente está consumado. Pela direita, o ciclista fica quase invisível para os condutores. O motorista pode precisar encostar mais o carro na calçada, e como já está “encostado”, não sente necessidade de ligar seta ou sinalizar o movimento. Carros em movimento, da mesma forma, podem repentinamente virar para a direita, sem sinalizar, para estacionar em uma vaga, parar no acostamento, etc.

Ao ultrapassar ônibus e carros parados pela esquerda, deve se evitar passar muito próximo ao veículo. Novamente, a abertura de uma porta ou um movimento repentino do carro de volta à pista (sem sinalizar) pode ser fatal para o ciclista.

Conversão

Ao se aproximar de uma conversão à direita onde não vai virar, ou seja, vai seguir reto, o ciclista deve posicionar-se no centro da faixa da direita. Ocupar seu espaço. Se ficar pelo canto direito, encostado no meio-fio, o automóvel que vier atrás muito provavelmente vai acelerar para tentar ultrapassar a bicicleta e fazer a conversão antes da passagem da magrela, dando uma bela fechada no ciclista.

Contramão

O número de ciclistas que pedalam pela contramão é assustador. Existe uma crença de que essa seria a forma mais segura de transitar. É um engano. No trânsito, ciclistas não devem trafegar na contramão. Nessa condição, o ciclista (que normalmente não usa sinalização dianteira) torna-se praticamente invisível para os condutores, que estão com atenção voltada para outros pontos da pista, e não preveem que algum veículo virá transitando pela contramão. Isso porque, como já mencionado, os motoristas olham sempre para onde eles acham que pode vir outro veículo.

E transitar na contramão aumenta muito o risco de choque com carros saindo de estacionamentos, retornos, cruzamentos.

Resumo

A ideia, em resumo, é a seguinte: no trânsito, se for para pedalar pela malha rodoviária, enquanto não existem ciclovias de verdade, os ciclistas devem se comportar como os demais condutores dos veículos automotores, fazendo valer seus direitos, em igualdade de condições (sempre, claro, com enorme bom senso).



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