quinta-feira, 20 de março de 2014

Problema não é falta de investimento, é má administração

Li na edição do jornal O Estado de São Paulo desta quinta-feira (20), em editorial que discorre sobre a greve dos professores, uma informação preocupante. Diz o texto que os professores de SP, em estado de greve, pedem, entre outras coisas, maior investimento em educação. Neste ponto, o redator revela, sem citar fontes, que “há vários anos o Brasil já investe, no setor, porcentuais próximos ou equivalentes dos destinados pelos países desenvolvidos para seus sistemas de ensino”, e que “como mostram estudos e levantamentos de conceituados organismos multilaterais, o problema da educação – principalmente a falta de qualidade da rede pública de ensino básico - decorre de incompetência administrativa e falta de empenho das autoridades, e não de escassez de recursos”.

Por muitos anos, no Brasil, se culpou a falta de recursos para explicar os graves problemas de educação, saúde, infraestrutura, segurança, etc. E a sociedade organizada reclamava exatamente isso dos governos que se sucediam: mais investimentos. Até hoje se ouve essa ladainha.


Mas se o que revela o Estadão é fato, de que há recursos em proporção semelhante ao que é investido em países “desenvolvidos”, ao menos na área de educação, e que o problema é de “incompetência administrativa” ou falta de vontade política, algo precisa ser feito urgentemente.

Saímos de uma situação em que não tínhamos dinheiro para uma situação em que temos dinheiro mas não temos a menor ideia de como utiliza-lo. Antes, o Brasil não atingia um patamar de país desenvolvido por que faltava dinheiro. Agora que há o dinheiro não conseguimos ser desenvolvidos porque nossos governantes são incompetentes.

E há provas de que parecer ter fundamento o que diz o texto do Estadão - no Distrito Federal, pelo menos na área de trânsito e mobilidade urbana, e mesmo Brasil afora, com as obras para a Copa do Mundo de 2014.

Alguns exemplos

No DF, o governo federal destinou alguns bilhões para obras de mobilidade urbana. E o que vemos são obras que continuam privilegiando o transporte urbano por meio de automóveis, ou a compra de novos ônibus e vagões de metrô. Em muitos pontos o GDF está alargando algumas vias e construíndo pontes e viadutos – parece que os engenheiros de trânsito não entendem que quanto mais alargarem as pistas no entorno do centro da cidade, mais carros vão chegar ao mesmo tempo ao Plano Piloto, causando um caos muito maior nesse parta nevrálgica da cidade (essa alternativa funcionou em algumas cidades que tinham muitos veículos nas ruas, ,mas não tinham o crescimento exponencial na frota que Brasília experimenta!). Essas obras, quando prontas, levam a administração a precisar alargar as pistas mais adiante, que passam a ficar congestionadas. E depois as próximas, até que chega-se ao gargalo, onde não há como alargar mais nada...

Em outros locais segue esse recapeamento de péssima qualidade da malha viária. A obra está deixando a cidade com mais alagamentos, além de fazer das bocas de lobo (que ficaram mais fundas, como verdadeiros buracos no meio da pista) verdadeiras armadilhas para motoristas e ciclistas.

Como já disse em post anterior, a compra de ônibus novos ou vagões do metrô, para serem inseridos nesse sistema atual caótico de transporte, sem uma reformulação no sistema como um todo, é uma falta de noção, para dizer o mínimo. O desgaste desse equipamento será muito mais rápido do que o normal, exatamente por conta do trânsito pesado, das vias mal conservadas, dos motoristas desvalorizados, do uso exagerado dos veículos por conta da má organização operacional do sistema, entre outros.

Copa do Mundo

E Brasil afora a situação se repete, com o atraso em muitas das obras em andamento com foco na Copa do Mundo, que começa em junho próximo. Muitas obras, até mesmo estádios, não estarão prontos até que a bola comece a rolar às 17 horas do dia 12 de junho, em São Paulo, para Brasil e Croácia. E o gasto para organizarmos a Copa não ficou nem perto do que foi previsto inicialmente.

Muitas dessas obras para a Copa foram mal elaboradas, em um ambiente de total desorganização, má administração, incompetência gerencial, que acabaram por “jogar dinheiro fora” em construções que não resolvem nada em definitivo e nem ficarão prontas a tempo. E o pior, acabaram, com certeza, escoando um bom bocado dos recursos para a corrupção, fator que deve ter ajudado a inchar o custo da Copa para nós brasileiros, que vamos pagar mais essa fatura...

Lembremos dessas coisas quando a Copa acabar e chegarem as eleições...

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