terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ramphastos toco e outras belezas de Brasília

Capa do livro sobre aves de Brasília
Eram 6h15 da manhã, o sol mal tinha nascido, e em pleno centro da capital um ramphastos toco solitário voa calmamente sobre o anexo da Câmara dos Deputados, rumo ao Sul. Logo um tucano, uma das mais belas aves da fauna brasileira. E uma das que me falta fotografar para compor o livro sobre a Avifauna do Plano Piloto de Brasília, obra na qual venho trabalhando há alguns anos. Mais um mimo com que Brasília me presenteia logo cedo, no começo do dia. Pura maravilha.

Brasília tem esse benfazejo dom de sempre me surpreender. Digo costumeiramente que andar pela cidade com calma, seja a pé ou de bicicleta, e deixar os sentidos abertos (visão, audição, olfato), traz agradáveis surpresas. Esvaziar a cuca e abrir os olhos da alma permite-nos ver de outra forma a lua ou o sol, as flores e as árvores, terra e pedras e aves, e mesmo as diversas composições e detalhes que a arquitetura da cidade oferecem. Em cada um desses detalhes obras-primas únicas brotam e desaparecem a cada instante.


Abrir os ouvidos com a mente vazia permite captar os sons dos mais diferentes pássaros que voam sobre nós. Dos insetos. O vento. O som da chuva ou o estalar das folhas secas do cerrado brasiliense.

Desfocados de nós mesmos podemos sentir o perfume das flores, da grama revolvida, da terra molhada prenunciando a chuva.

O rasgo de natureza que resiste dentro da selva de pedra construída pelo Homem segue seu caminho em busca da sobrevivência, mantendo incólume sua graciosidade e seu vicejante brilho próprio, compondo com a arte em concreto uma nova forma de beleza, que se entrega plena para todo aquele que permitir aflorar sua sensibilidade.

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