Capa do livro sobre aves de Brasília |
Brasília tem esse benfazejo dom de sempre me surpreender. Digo costumeiramente que andar pela cidade com calma, seja a pé ou de bicicleta, e deixar os sentidos abertos (visão, audição, olfato), traz agradáveis surpresas. Esvaziar a cuca e abrir os olhos da alma permite-nos ver de outra forma a lua ou o sol, as flores e as árvores, terra e pedras e aves, e mesmo as diversas composições e detalhes que a arquitetura da cidade oferecem. Em cada um desses detalhes obras-primas únicas brotam e desaparecem a cada instante.
Abrir os ouvidos com a mente vazia permite captar os sons dos mais diferentes pássaros que voam sobre nós. Dos insetos. O vento. O som da chuva ou o estalar das folhas secas do cerrado brasiliense.
Desfocados de nós mesmos podemos sentir o perfume das flores, da grama revolvida, da terra molhada prenunciando a chuva.
O rasgo de natureza que resiste dentro da selva de pedra construída pelo Homem segue seu caminho em busca da sobrevivência, mantendo incólume sua graciosidade e seu vicejante brilho próprio, compondo com a arte em concreto uma nova forma de beleza, que se entrega plena para todo aquele que permitir aflorar sua sensibilidade.
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